Ana Beatriz Cruz da Costa – Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Desde o Séc. XX, é notável um grande aumento da valorização de veículos de comunicação em todo o mundo, como um meio de obter informações ou disseminar as mesmas. Hodiernamente, o Cenário Internacional encontra-se imerso no contexto de Era da Informação, marcada pela proliferação de veículos midiáticos privados, pelo imediatismo e pela presença de atores internacionais fazendo política internacional utilizando as redes de comunicação como ferramenta.

Nesse contexto, há dois fenômenos muito presentes, o de interdependência e o de globalização, que designam uma Sociedade Global conectada por redes.  De acordo com Keohane e Nye, na Teoria de interdependência complexa, o que define o poder são os conceitos de Sensibilidade e Vulnerabilidade, pois, ambas são formas de resposta a ações externas, de maneira imediata ou a médio prazo respectivamente. Devido ao imediatismo na Era da Informação, essas ações e reações ocorrem de maneira muito mais rápida, e os Estados de maior influência comunicacional mundial, consequentemente, terão melhores resultados ao agir ou reagir, o que também se conecta com a teoria do “Soft Power” de Joseph Nye.

O termo “Cyberpolitik” é utilizado para se referir às politicas feitas por atores internacionais através das novas tecnologias comunicacionais, como a internet, canais de Tv e radio, as quais, são utilizadas para disseminar discursos internacionalmente, objetivando vantagens. Como estratégia para a Política Externa e Interna, os Estados buscam parcerias com empresas privadas que fazem parte dos “Conglomerados de Comunicação”, detentoras de grande influência nas mídias, determinando certo assunto que deve ser pautado, colocando um tema ou outro Estado como alvo.

Na Área das Relações Internacionais e da Ciência Política, o Campo que estuda essa nova forma de exercer política e seus efeitos no cenário internacional, foi denominada de “Diplomacia Midiática”. De acordo com Eytan Gilboa, a mídia é considerada um ator de múltiplas faces, por isso, o mesmo divide 4 papéis para a mesma, como: Interventora, Constrangedora, Controladora e Instrumental. Como controladora, a mídia é vista como pivô para influenciar na criação de políticas. A mídia como constrangedora, busca pressionar o alvo para obter resultados. Como Interventora, a mídia promove mediação internacional, e como ator instrumental, a mesma é utilizada como ferramenta diplomática. Para Camargo, a mídia também pode ser vista como um ator conflituoso.

Portanto, o poder de influência sobre as mídias se mostra uma poderosa ferramenta para construir a imagem externa de um Estado, para potencializar o próprio discurso, para negociar questões, pressionar líderes e entre outros, ou seja, ela assume uma determinada forma de acordo com o contexto.

REFERÊNCIAS:

KEOHANE, Robert; NYE, Joseph. Power and Interdependence. Londres: Harper Collins, 1989.

GILBOA, Eytan. Diplomacy in the media age: three models of uses and effects. Diplomacy & Statecraft, v. 12, n. 2, p. 1-28, 2001.

T. BURITY, Caroline R. A influência da mídia nas relações internacionais. Um estudo teórico a partir do conceito de diplomacia midiática, [s. l.], v. 1, p. 1-14, 2013.

CAMARGO, Julia. Ecos do fragor: a invasão do Iraque em 2003. A mídia internacional e a imprensa brasileira. 2008. 142f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) – Instituto de Relações Internacionais, Universidade de Brasília, Brasília.